Hoje vou vos falar sobre o recente vídeo comemorativo do 8º aniversário do jogo “Fate/Grand Order”, dirigido por Hiromatsu Shuu e produzido pela CloverWorks.
Sendo um fã do universo Fate, e do Nasu-verse no geral, como não podia deixar de ser, também consumo o jogo “Fate/Grand Order” e posso dizer que não existe melhor interpretação visual do que é a história do mesmo. O vídeo aborda maioritariamente personagens da primeira secção da história, com um claro foco na personagem-capa Artoria ou como todos conhecem, Saber.
O jogo é uma história sobre a humanidade, é um conto sobre heróis antigos, uns injustiçados, outros com glória, mas que sobretudo têm um legado para contar.

Escusado será dizer que após tantas adaptações deste universo, algumas das quais do próprio jogo como, “Fate/Grand Order: Zettai Majuu Sensen Babylonia” ou “Fate/Grand Order: Final Singularity – Grand Temple of Time: Solomon“, com uma boa adaptação, este é sem sombra de dúvidas a peça de animação mais criativa.
Hiromatsu Shuu, é o nome que hoje quero dar destaque. Zhou Haosong, seu nome verdadeiro, é um animador e diretor chinês, muito conhecido dentro do círculo “sakuga” e alguém que todos olham como um dos melhores desta nova geração. A sua transição de animador para diretor tem sido uma das melhores que eu tenho testemunhado e a continuar assim.. que nível conseguirá alcançar?!
É claro que isto não vem apenas deste memorial, se formos um pouco atrás no seu breve, mas notável percurso, podemos destacar a opening de um anime chinês “Da Wang Rao Ming”, o qual dirigiu.
É claro como a água, mesmo para o mais leigo visualizador, que existe algo de diferente nas suas apresentações.
A excentricidade, as transições que servem como um storytelling único, a paleta de cores sempre muito vibrante de acordo com o estado e obra que o mesmo acha que encaixa e mãos! Muitas mãos!

O que é um herói? Como classificamos um? Normalmente, é um humano que se destacou de alguma forma, defendendo o seu povo, atitudes altruísticas e de uma bravura sem igual.
Neste memorial vemos claramente 3 fases bem distintas, a fase de glórias dos “espíritos heroicos” ainda em vida, os seus feitos pelo povo, uma época mais feliz.
Para contrastar, temos uma segunda abordagem onde vemos o pós-vida e os caminhos que as suas civilizações tomaram, vemos retratos de guerra, pobreza, tristeza e no fundo um futuro onde os mesmos “passaram a ser história”.

E muito provavelmente vocês repararam que a ideia que o Hiromatsu teve para contar a sua perspetiva sobre a obra, passou por utilizar breves sequências com a Mash, uma das protagonistas do jogo, onde a mesma vai lendo sobre os feitos dos heróis em um livro, os mesmos feitos que estão a ser retratados visualmente para nós.

Sendo então a parte final no fundo a retratar as aventuras dos heróis, mas agora como “espíritos heroicos”, invocados para ajudar a organização Chaldea, a Mash e o jogador (Fujimaru/Gudao).

Gostaria de reafirmar que o Hiromatsu é de facto o visionário por detrás deste épico pequeno filme, a sua visão junto com o tema que abre espaço para interpretações, como é o de Fate e todas as suas lendas e mitos, consegue criar uma experiência ímpar. Agora.. claro que ele não fez tudo sozinho.
Temos bastantes animadores incríveis no projeto, mas gostaria de realçar o Chansard Vincent que antes de integrar o estúdio Toei a tempo inteiro, deu uma perninha nesta incrível obra de arte.
O próprio Hiromatsu agradece ao Chansard por ter feitos um dos cortes mais complicados de todo o comercial, inclusive mencionado que o seu Layout (termo utilizado para quando juntamos a animação-chave aos backgrounds, essencialmente onde a animação mais perto do seu produto final nasce) foi provavelmente o mais complicado.
Algo perfeitamente visível pelos efeitos 2D na explosão do Noble Phantasm do Karna, toda a animação do background, claramente engrandecendo todo o seu poder.

Acho também interessante mencionar que o Hiromatsu não tem qualquer problema em integrar CG (computação gráfica) na sua composição, bem como o seu enquadramento num plano 2D. Sinto que ele explora muito bem a sensação de tridimensionalidade, mesmo quando tamos a falar apenas do plano 2D.
A cena em baixo do Iskandar é um exemplo perfeito do uso de CG para ajudar na sua visão ao mesmo tempo que entra em harmonia com o resto.
Para finalizar, uma das passagens mais inspiradas e sem dúvida alguma impactantes, é a da Artoria (Saber) a olhar para os seus passos do passado, o seu tempo como “Rei Arthur”, comandante dos Cavaleiros da Távola Redonda, cada vez mais desvanecendo a seu olhar, chegando ao ponto que a alma “abandona” o seu corpo e armadura, caindo no esquecimento. Após isso apenas sobra a lenda do Rei Arthur e os monumentos a si ligados.
Isto também estende às outras personagens, embora mais curto, evidenciado novamente a ideia de que estes heróis vão vendo a sua história reduzia a livros, contos, cada vez mais esquecidos.
Temos outras breves referências históricas/divinas, claramente produto de uma pesquisa e dedicação por parte do Hiromatsu e da sua equipa.
A exemplo disso temos os “4 Cavaleiros do Apocalipse”, que embora não tenham sido abordados diretamente na história de FGO, são o tema subentendido uma vez que falamos de todo o tipo de religiões, é sobre a história da humanidade!

O único problema desta peça de arte fenomenal é a compressão horrível do youtube, esperemos pelo lançamento disto de outra forma como Blu-ray!
Ainda tinha bem mais para dissecar, indicador da riquíssima animação perante vós, mas não querendo tornar muito enfadonho e de difícil leitura, apenas digo:
HIROMATSU SHUU CINEMA!!




